Contado em duas vozes – uma delas a de alguém que acaba de morrer – o romance Fazes-me Falta
entrecruza o olhar de duas gerações, e traça a história de uma amizade
profunda e sem ponto final, com todas as suas reminiscências, remorsos
e tesouros. Após a vertiginosa viagem ao centro do coração que é A Instrução dos Amantes, e a descoberta da intimidade no século XX revelada pelas três mulheres de Nas Tuas Mãos,
Inês Pedrosa debruça-se sobre a ...
Perante um impasse amoroso e um quadro familiar decadente, Lara troca a
cidade do Porto por um trabalho temporário num clube de férias, no
Brasil. Na ilha, torna-se inseparável de um grupo de amigos de várias
nacionalidades com quem explora os prazeres do sexo e da transgressão e
se envolve numa tragédia local, ocorrida entre as nativas, que
conduzirá a um suicídio em série. Entretanto, o namorado abandonado do
Porto chega à ilha com uma deleg...
Como ele sempre dissera:
o rio e o coração, o que os une?
O rio nunca está feito, como não
está o coração. Ambos são sempre
nascentes, sempre nascendo.
Ou como eu hoje escrevo:
milagre é o rio não findar mais.
Milagre é o coração começar sempre
no peito de outra vida.
A narrativa de A Varanda do Frangipani decorre na Fortaleza de S. Nicolau, algures em Moçambique. A fortaleza há muito que deixou de ser reduto de defesa e ocupação estrangeira para se transformar num asilo de velhos. A trama policial, as reflexões sobre a guerra e sobre a paz, o Universo mágico, a riqueza de personagens, aliados a uma narrativa pujante e amadurecida, fazem deste livro uma das mais belas obras de Mia Couto.
Miguel Torga publicou em 1941 o livro de Contos Montanha, que imediatamente foi apreendido pela polícia política. Em carta de Abril desse ano, Vitorino Nemésio, solidarizando-se com o amigo, escreveu a propósito dessa apreensão: Acho a coisa tão estranha e arbitrária que não encontro palavras. De resto, para quê palavras se nelas é que está o crime? Em 1955, Miguel Torga fez uma segunda edição no Brasil, com o título Contos da Montanha. A ediç...
Claraboia é a história de um prédio com seis inquilinos sucessivamente envolvidos num enredo. Acho que o livro não está mal construído. Enfim, é um livro também ingénuo, mas que, tanto quanto me recordo, tem coisas que já têm que ver com o meu modo de ser. José Saramago
Este livro elege como cenário a extraordinária saga da emigração
portuguesa para França, contada através de uma galeria de personagens
inesquecíveis e da escrita luminosa de José Luís Peixoto. Entre uma vila
do interior de Portugal e Paris, entre a cultura popular e as mais
altas referências da literatura universal, revelam-se os sinais de um
passado que levou milhares de portugueses à procura de melhores
condições e de um futuro com dup...
Um homem fica cego, inexplicavelmente, quando se
encontra no seu carro no meio do trânsito. A cegueira alastra como "um
rastilho de pólvora". Uma cegueira colectiva. Romance contundente.
Saramago a ver mais longe. Personagens sem nome. Um mundo com as
contradições da espécie humana. Não se situa em nenhum tempo
específico. É um tempo que pode ser ontem, hoje ou amanhã. As ideias a
virem ao de cima, sempre na escrita de Saramago. A alegoria. O ...